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31/03/20

Salvar vidas e evitar o caos socioeconômico

Murilo Pinheiro

O presidente da CNTU, em artigo, defende: “É preciso aliar essas duas metas essenciais em vez de afirmar a contradição entre elas”.

 

 

 

 

Viver uma pandemia mundial de um vírus desconhecido é experiência que ninguém gostaria de ter. No entanto, cá estamos nós, às voltas com esse imenso desafio. Além de ameaça à saúde e à vida de milhares de pessoas em todo o mundo, essa situação provoca inevitável paralisação das atividades econômicas, o que obviamente tem consequências.

 

No caso brasileiro, o cenário é ainda mais preocupante, tendo em vista diversos indicadores socioeconômicos lamentáveis. Já há alto desemprego, que atinge 11,6 milhões de trabalhadores; estão na extrema pobreza (quando se vive com até R$ 145,00 por mês) 13,5 milhões de pessoas; 11,5 milhões vivem em moradias superlotadas, sem falar na população de rua; e há déficit de saneamento ambiental – 35 milhões não têm acesso a água tratada e 48% não são servidos com coleta de esgoto.

 

Ou seja, é um quadro para lá de complexo, que não será resolvido com soluções simples e, muito menos, fazendo de conta que ele não é real. Felizmente, apesar das incertezas, já se cria entre os especialistas, que se baseiam nos dados disponíveis e em conhecimento técnico, consenso sobre como enfrentar a dupla batalha da saúde e da economia. Pelo que se sabe até aqui, a melhor chance de evitar um colapso no sistema de saúde e a consequente falta de atendimento a muitos que precisarem, neste momento, é o isolamento social horizontal – ou seja, de todos aqueles que podem ficar em casa, independentemente de pertencerem ou não a grupos de risco.

 

 Gastar para não afundar

No plano econômico, a saída é o Estado agir, e rapidamente. É preciso uma forte atuação pública, deixando de lado os dogmas fiscalistas. Para o presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Antonio Corrêa de Lacerda, que é também consultor do nosso projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, em entrevista ao portal UOL, serão necessários gastos da ordem de R$ 500 bilhões, o que obviamente acarretará aumento da dívida pública. Mas não há opção, o que tem sido reconhecido mesmo por aqueles que em geral defendem a não participação do governo na indução do desenvolvimento. O momento é excepcional e exige medidas à altura.

 

Um artigo do professor José Luís Oreiro também aponta para a possibilidade de retomada da economia real, desde que o Estado faça sua parte para evitar o caos social que seria gerado por ainda mais milhões e milhões de brasileiros desempregados. Ele explica: “No debate brasileiro atual sobre os custos do enfrentamento do coronavírus, existe uma enorme confusão conceitual entre custos financeiros e custos econômicos. A não ser que a pandemia no Brasil cause um número muito grande de mortes na força de trabalho (o que depende, em parte, do sucesso das políticas de isolamento social), a capacidade produtiva da economia brasileira será pouco afetada pelo vírus. Com efeito, a infraestrutura pública e o parque industrial ficarão totalmente intactos, e a força de trabalho sofrerá (oremos) uma pequena redução.

 

Isso significa que, do ponto de vista puramente econômico, o Brasil sairá da crise tão rico (ou tão pobre, depende do ponto de vista) como era antes. O problema que poderemos enfrentar no pós-crise será de demanda, ou seja, de como assegurar um nível razoavelmente normal de utilização dos recursos produtivos existentes; não um problema de oferta.”

 

Ou seja, se o Estado tomar a medida ousada de gastar o necessário, deixando de lado os caprichos do mercado financeiro, pode proteger sua população, o que significa também preservar mercado interno e força de trabalho para operar a máquina que ainda existirá quando pudermos retomar a normalidade.

 

É hora de pensar e agir como gente grande.

 

 

 

*Murilo Pinheiro, presidente da CNTU.

 

 

 

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