UE investirá 20 milhões de euros em doenças negligenciadas

Prazo para a inscrição de projetos termina nesta quinta

Cerca de 1,5 milhão de pessoas morrem por ano no mundo por causa de doenças negligenciadas como malária, leishmaniose, doença do sono e doença de chagas. As doenças negligenciadas costumam afetar principalmente as populações mais empobrecidas e são, geralmente, as que menos dispõem de tratamentos eficazes ou adequados.   

As doenças tropicais negligenciadas representam também 11,4% da carga global de doenças. Em 30 anos (1975-2005), dos 1535 medicamentos descobertos, apenas 21 foram para essas doenças (1,3%), conforme aponta a Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi, Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas).  

Com a finalidade de estabelecer uma abordagem integrada para o desenvolvimento de prevenção e diagnóstico, além de criar ferramentas que colaborem para o estudo de doenças infecciosas negligenciadas, a União Europeia, por meio do Sétimo Programa-Quadro (FP7), investirá pelo menos 20 milhões de euros no tema. O prazo para a inscrição de projetos é 19 de novembro.  

Os Programas-Quadro são o principal instrumento de financiamento em ciência e tecnologia que a União Europeia (UE) disponibiliza para seus Países-Membros e demais países de outros continentes, fomentando significativamente a cooperação internacional. O 7º Programa-Quadro, que entrou em vigor em 2007 e se estenderá até 2013, mobilizará cerca de 54 bilhões de euros para distribuir entre os projetos aprovados.  

Entre os cerca de 20 milhões de euros, aproximadamente 18 milhões são voltados exclusivamente para consórcios formados por países europeus com os países parceiros de cooperação internacional, os ICPCs, entre eles países como o próprio Brasil. É interessante ressaltar que o Brasil, um dos países que mais crescem na cooperação com a União Europeia, pode participar de todos os editais, com raras exceções.  

Os 2 milhões de euros restantes serão voltados para ações de coordenação e suporte e ação, por meio do fortalecimento da nova geração de pesquisadores para doenças infecciosas negligenciadas. A ação específica para as doenças negligenciadas faz parte de um grande edital do FP7, que destinará cerca de 333,5 milhões de euros para países de todo o mundo na área de saúde, abrangendo variados campos de pesquisa, como biotecnologia, ferramentas genéricas e tecnologias médicas para a saúde humana e estudo de doenças preocupantes para a população mundial, como a Aids.  

No Brasil, a preocupação com as doenças negligenciadas fez com que o Ministério da Saúde criasse um programa específico. No ano 2003, foram destinados R$ 3,79 milhões para 32 projetos. Em 2008, foram R$ 17,42 milhões para 66 projetos, um aumento de quatro vezes.  

Segundo dados do estudo Global Funding of Innovation for Neglected Diseases (G-Finder), referente aos investimentos realizados em 2007, promovido pelo The George Institute, as doenças negligenciadas também recebem grande investimento de países e blocos em todo o mundo, com liderança dos Estados Unidos - US$ 1.250.000,00 (70%); seguido pela União Europeia US$ 121.366.882,00 (6.8%); Inglaterra, Holanda, Irlanda, e o Brasil, em sexto lugar com US$ 21.970.169 (1.24%). Em geral, são os governos desses países os grandes financiadores desses investimentos.  

Informações adicionais em português podem ser obtidas com o Bureau Brasileiro para Ampliação da Cooperação Internacional com a União Europeia (BB.Bice/UnB), por meio do site www.bbice.unb.br  

O edital pode ser acessado neste link. 

(BB.Bice Brasil)