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29/08/16

“Nutrição é tudo de bom”

O presidente da Federação Interestadual dos Nutricionistas (Febran), Ernane Silveira Rosas, fala sobre a importância da profissão, os desafios da luta por direitos e o mercado de trabalho da categoria que comemora o seu dia em 31 de agosto.


No dia 31 de agosto, comemora-se o Dia do Nutricionista, uma das categorias ligadas à CNTU por meio da Federação Interestadual dos Nutricionistas (Febran). Em entrevista, o presidente da entidade, Ernane Silveira Rosas, que também está à frente do Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo (Sinesp), falou sobre os desafios que ainda estão na pauta dos mais de 100 mil profissionais que atuam em todo o Brasil. A regulamentação da atividade, prevista em lei desde 1967 e atualizada em 1991, não determina, por exemplo, questões essenciais, como o piso salarial e a jornada de trabalho, bandeiras de luta desses trabalhadores. Mas se há incertezas quanto ao mercado de trabalho e à garantia de direitos, não resta nenhuma com relação à importância da profissão para a sociedade. “Nutrição é tudo de bom. Nutrir é muito mais do que alimentar. Uma nutrição adequada, sem excessos ou faltas, irá gerar um adulto sadio que, consequentemente irá ter menos doenças, ser mais inteligente e ajudar ao seu país produzindo mais e melhor, gerando ganhos para todos”, enfatiza Rosas.


Como surgiu a profissão de nutricionista?

A profissão de nutricionista foi criada para atender aos pacientes de hospitais, que precisavam se alimentar corretamente para receber alta e retornar mais cedo para seus lares. Tivemos um grande incentivo no nosso mercado de trabalho quando, na década de 1970, o Brasil tornou-se Campeão Mundial de Acidentes de Trabalho. Os militares, que comandavam o País na época, se viram obrigados a criar alguma lei que desse incentivo à capacitação profissional dos trabalhadores e diminuir o número de acidentados. Junto com esta lei, vieram a criação da CIPA, SIPAT (comissão e semana interna de prevenção de acidentes) e também uma lei para fornecimento de alimentação no ambiente de trabalho (PAT). Isso porque muitos acidentados relatavam fraqueza por falta de comida. Com as leis criadas para capacitação e alimentação dos trabalhadores, as empresas começaram a poder deduzir em dobro no Imposto de Renda o pagamento dessas despesas. E os empresários mais inteligentes perceberam que eles estavam ganhando mais, porque a produção aumentou por ter havido a diminuição dos acidentes de trabalho. Trabalhadores bem alimentados sofrem menos acidentes.


Como se deu a luta pela regulamentação da profissão?

A profissão foi regulamentada em 1967, por meio da Lei 5.276 de 24 de abril. Depois, 1991, houve nova regulamentação através da Lei 8.234 de 17 de setembro. O processo foi tranquilo, sem confusões, porque a nossa profissão não se sobrepunha a nenhuma outra. Ela complementava o trabalho dos outros profissionais, pois nossos colegas da área da saúde não detinham o conhecimento da nutrição. Contudo, no processo de aprovação das duas legislações, não houve consulta à nossa categoria e itens importantes, como carga horária e piso salarial, não foram contemplados. Pior, houve a redução das horas de estudo para a formação de nutricionistas, que foi uma falha terrível que o Ministério da Educação nos imputou. Ainda hoje, lutamos para reverter esta falha.


Que atividades o profissional pode exercer? Quais as oportunidades no mercado de trabalho?

O nutricionista pode trabalhar em Refeições Coletivas (terceirizadas ou de autogestão), em hospitais, em escolas públicas ou particulares (merenda escolar), em fiscalizações de vigilância sanitária, em indústrias de alimentos, em restaurantes comerciais, em açougues e padarias, em faculdades de Nutrição, em programas de governo para prevenção de doenças e em muitas outras atividades. Percebemos, contudo, que tanto a iniciativa privada quanto nossos governantes ainda não enxergaram a grande vantagem de ter um ou uma profissional nutricionista na sua equipe de trabalho. O ganho financeiro, político e de imagem é muito grande quando se aplica os preceitos da Ciência da Nutrição. Mas principalmente, ganha-se em qualidade de vida para todos.


Como o Sinesp e a Febran têm atuado em defesa da categoria?

Buscamos, sempre que possível, falar com a nossa categoria. Escutar quais são as suas prioridades. E investir na maior capacitação, porque sabemos que o mercado de trabalho valoriza mais e remunera melhor aquele trabalhador com mais conhecimento técnico. Também estamos falando mais com nossos colegas da área da saúde, buscando uma união para podermos negociar melhor com os poderosos sindicatos patronais. Eles tem problemas parecidos com os nossos e por isso a troca de informações é muito importante.


Com a grande presença feminina na categoria, a luta sindical dos nutricionistas acaba sendo também uma luta contra o machismo? Como isso se dá?

O Sinesp e a Febran combatem o machismo e a arrogância de alguns homens. Nós entendemos que todo homem depende de uma mulher. E que todas as mulheres dependem de algum homem. Por isso pregamos a interdependência. Interdependência dos gêneros, das profissões, dos objetivos profissionais. Se olharmos para a natureza veremos que todo o ser vivo tem uma importância, tem uma missão a realizar na preservação do Planeta. E nós, nutricionistas, estamos nos apoderando desta importância, deste papel. Entendemos que esta luta que enfrentamos terá muitas dificuldades, porém, estamos preparados para vencê-las.


Com o crescimento da consciência em relação à importância da alimentação saudável, tem ampliado a inserção dos nutricionistas no mercado de trabalho e no debate público?

Sim. Hoje participamos bastante da mídia televisiva, nos comunicamos e estamos presentes nas escolas públicas e particulares para a formação de bons hábitos alimentares.


Qual a importância social da categoria?

Nutrição é tudo de bom. Nutrir é muito mais do que alimentar. Uma nutrição adequada, sem excessos ou faltas, irá gerar um adulto sadio que, consequentemente irá ter menos doenças, ser mais inteligente e ajudar ao seu país produzindo mais e melhor, gerando ganhos para todos.


Uma causa muito importante abraçada pela Febran, pela CNTU e pelos nutricionistas é a luta contra o uso de agrotóxicos. Como tem transcorrido essa batalha?

Esta batalha ainda está no começo. Estamos buscando apoio e também apoiando entidades sérias como a AAO (Associação Agricultura Orgânica), Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), Inca (Instituto Nacional de Câncer), UnB (Universidade de Brasília), Ministério Público, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e muitas outras. Lutamos contra empresas multinacionais poderosíssimas que mandam em governos. Por isso a batalha será longa e pesada. Mas temos a certeza de que iremos vencer. Sabemos que o agrotóxico (veneno) e os transgênicos fazem muita propaganda de convencimento, mas nosso trabalho é o de formiguinha, um a um, conversar e explicar sobre os malefícios que estas pragas causam ao Planeta. E vamos vencer esta batalha.


Rita Casaro – Comunicação CNTU


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