Recado às brasileiras

No século XX, o progresso técnico e a industrialização contribuíram muito para retirar certos fardos do cotidiano das mulheres brasileiras pertencentes às camadas populares.  Penso especificamente no tanque de lavar roupa e no ferro a carvão,  cujas funções foram transferidas para as máquinas de lavar roupa e para o ferro elétrico.

Ao mesmo tempo, a reforma institucional introduziu as mulheres no cenário político e no da produção, o espaço social da economia política.  Tratou-se da conquista do voto feminino (1932) e da educação pública e gratuita em larga escala a partir dos anos 1930, primeiramente até o ginásio ou primeiro grau, em seguida complementada pela universidade pública igualmente gratuita.

Podendo votar e ser votada, e frequentando os bancos escolares e acadêmicos,  a mulher brasileira ganhou "outro status” e uma “relativa igualdade” com os homens; passou a depender do esforço pessoal e das oportunidades conferidas pelo meio social, através da ascensão profissional. Um novo mercado de trabalho e a capacidade de autossuficiência financeira foram os esteios da independência feminina na segunda metade do século XX, em nosso país.

As conquistas acima referidas podem estar ameaçadas se houver retorno do Brasil ao status colonial ou à dependência absoluta de outra nação.  À perda da soberania nacional poderá suceder  o recuo dos avanços e conquistas da mulher brasileira no passado século XX. Precisamos ficar atentas.  Conquistas duradouras são sempre sociais, coletivas e ocorrem no quadro da Nação, da nossa Pátria, nosso Brasil.

Ceci Juruá é economista e membro do Conselho Consultivo da CNTU