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27/09/19

Circula ou engarrafa Brasília?

Maria Rosa Ravelli Abreu

"A tecnologia e a automação evoluem no ritmo da inteligência artificial e nossas cidades continuam no monopólio rodoviário, sem trilhos, micro-ônibus elétricos em rede capilar", aborda conselheira da CNTU em artigo.

 

 

 

 

Auspiciosa iniciativa dos governadores do Distrito Federal e Goiás, em reunião na cidade de Águas Lindas (GO), na busca de solução eficiente para dramática situação do transporte na Brasília Metropolitana. A tecnologia e a automação evoluem no ritmo da inteligência artificial e nossas cidades continuam no monopólio rodoviário, sem trilhos, micro-ônibus elétricos em rede capilar. Tarifa cara, obsoletos ônibus em chassi de caminhão, penoso motor dianteiro e sem acessibilidade, combustível fóssil, penalizam motorista e passageiro, ferem direitos humanos, em apartheid social.

 

Esperança por novo transporte que, em vez de destruir, construa cidade limpa, competitiva, atrativa. Atenda ao conceito básico da mobilidade eficiente: promover migração(report) do carro para o coletivo. Hoje, é ruim e caro para forçar uso intensivo do carro. Insistir no velho transporte é prejudicial, também economicamente. Quanto mais viadutos e vias, mais carros, acidentes, mais congestionamentos,  maior desperdício de recursos. Fila de ônibus tentando imitar Metrô ou VLT onera a todos.

 

Ônibus são fundamentais, mas integrados às estações locais. Outro avanço esperado: bilhete multimodal ilimitado com carga diária, semanal, mensal ou anual, com horário e passe no celular. Por ser ruim e caro, apesar do rico subsídio do erário e vale-transporte de todo empregador, estudo do setor alerta que rede de  ônibus perdeu 25% de seus usuários. Curitiba, com mais carros por habitante, dados de 2017, é exemplo de que fila de ônibus não produz migração modal. Corrigir evasão de passageiros exige qualidade e preço. Dada a precariedade, a pessoa prefere usar o  carro e enfrentar congestionamento.

 

Qualidade é segurança, conforto, pontualidade, linhas adequadas a cada função, trilhos nos eixos principais, micro-ônibus locais, micromobilidade. Preço é passe ilimitado, benefício à metrópole e localidades próximas. Em Viena, passe anual a 1 euro ao dia permite viagens ilimitadas no Metrô, VLT, Trens Suburbanos, Ônibus, Bicicletas. Em Lisboa e outras 18 cidades ao redor, a 40 euros/mês. Para tanto, é crucial revisar a forma de concessão. Prestação de serviço público essencial é direito social (Art. 6º da Constituição Federal), não é locus de altos lucros, mas de remuneração justa (fair pay) ao operador, pelo serviço prestado, com ônus e bônus.

 

É preciso abrir concessões de linhas de vizinhança democratizadas, com regularização do transporte familiar, economia solidária. Formato de concessão para maximizar ganhos, não é surpresa que provoque sucessivas operações policiais: ponto final, regime integrado, passe livre, trickster, cana brava, atalhos, panatenaico, topique, checklist, genesis, zaragata, infinita highway, parasito, offerus, mão invisível, cadeia velha. Nessa trilha de insuficiências e malfeitos surge, em 2015, o Circula Brasília, em cerimônia no Memorial JK, que apenas reforçou a hegemonia de caras obras para carros.

 

Na metrópole de 4 milhões de habitantes, o transporte sobre trilhos foi ignorado, inclusive o VLT para Luziânia e Planaltina. Não faltam exemplos de boas políticas: anel metroviário de 200 km unindo cidades da Paris Metrópole; com parcerias nas estações monumentais ajudando  o financiamento. Moderna linha Crossrail, 132 km indo do oeste ao leste da Grande Londres; passe ilimitado metropolitano como o Navigo em Paris, o Navegante em Lisboa e o Metrocard em Nova Iorque.

 

No Brasil, é constante a pressão por mais subsídios junto a prefeitos e técnicos. E busca de apoio de entidades sociais e corporativas. Para empresas e políticos do velho modelo, em recente audiência na Câmara Federal, a melhoria do transporte passa por aplicar taxa de 6% no valor do combustível dos congestionados motoristas. São solicitados ao tesouro R$ 8,8 bilhões para 10 mil km de asfalto.

 

 

 

* Maria Rosa Ravelli Abreu é representante do Projeto Cidade Verde Universidade de Brasília e conselheira consultiva da CNTU. Artigo publicado originalmente no Correio Braziliense, em 27/09/2019. Ilustração: Maringoni. 

 

 

 

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